Uma noite eu sonhei que estava prestes a me suicidar. Estava à beira de um precipício. Aliás, eu era E1; o eu na beira do precipício era ES1; havia outro eu morto no chão, estava identificado por ES2; na mesma cena, havia outro eu flutuando no ar e observando tudo, se fazer nada, era ES3; um quarto eu – ES4 – estava correndo, o seu objetivo era empurrar o ES1 para a morte, a fim de que ele se juntasse ao ES2; o ES5 tentava impedir, em vão, o ES4 de concluir o seu plano; o ES6 estava na beira da cama e tentava me acordar do sonho; então, eu lembrei que o ES7 havia me dado vários comprimidos para eu – E1 – dormir; não tive dúvidas que era hora de acabar com tudo aquilo, antes de uma tragédia; só não sei a quem impedir primeiro.
A viagem vertical (Enrique Vila-Matas).
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