Praticamente todos sabiam que atitude tomar. Aquela árvore teria que ser cortada. Sua forma convidativa – os galhos quase arrastando ao chão – era fruto de discórdia entre os moradores. Não havia quem se aproximasse dela e não danasse a fofocar da vida alheia. Ela sempre estivera ali (antes de qualquer moradia). Não foi respeitada, em lágrimas, derrubaram-na ao chão.
Só que os moradores não encontraram a paz esperada. Culparam a dona da banca de jornal: “é ela quem espalha essas sementes odiosas pelo bairro.”, gritavam em coro.
Ela não teve tempo, nem argumento em sua defesa. Sem conseguir movimentar uma folha, expulsaram-na do bairro.
Ninguém a respeitou. Não por ser uma senhora de idade, mas por ser a moradora mais antiga dali. Prometera voltar um dia.
Ela voltou. E assim, velaram-na em plena raiz. Renascida em homenagem ao chão. Carregada pelo tronco ornamentado de seu caixão.
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