sábado, 3 de julho de 2010

Trecho: Bartleby e Companhia (Enrique Vila-Matas)

Acabei refugiando-me no que primeiro me veio à cabeça, umas frases do escritor argentino Fogwill: “escrevo para não ser escrito. Vivi por muitos anos, representava uma narrativa. Suponho que escrevo para escrever outros, para agir sobre a imaginação, a revelação, o conhecimento dos outros. Talvez sobre o comportamento literário dos outros”.

Depois de me apropriar das palavras de Fogwill – afinal de contas, nestas notas a um texto invisível, eu também me dedico a comentar os comportamentos literários de outros para assim poder escrever e não ser escrito -, apago as luzes da sala, dirijo-me ao corredor tropeçando nos móveis, digo a mim mesmo que não falta muito para que eu durma por escrito.

Bartleby e Companhia: Enrique Vila-Matas.

São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Página 106.

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